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sábado, 13 de novembro de 2010

O vôo do beija-flor


O sol ainda não havia surgido no horizonte, quando uma mulher bateu à porta do casebre. O Mestre meditava, enquanto Nashi, o discípulo, despertava de seu sono.
- Entre, disse o Mestre sem abrir os olhos.
A mulher entrou, observando o interior rústico do casebre. Sentou-se ao lado de Mahatma e disse:
- Senhor, preciso de seu socorro. Meu marido me abandonou, trocando-me por outra mulher. Eu o amo muito e não quero vê-lo com outra. O que devo fazer, Mestre
Sentindo todo o sofrimento daquela mulher, o sábio abriu os olhos e respondeu:


- Mate-o. Se ele não viver contigo, não viverá com outra
Nashi, o discípulo, por pouco não caiu de sua cama. Jamais imaginou que seu Mestre pudesse orientar alguém para o mal, principalmente numa circunstância de fragilidade, como se encontrava aquela mulher.
Sentindo-se aliviada com o conselho de Mahatma, a moça concordou que esta seria a melhor saída para não ver seu grande amor com outra mulher.
O Mestre disse:
- Vá à mata, na cachoeira da grande cascata. Lá você vai encontrar uma planta pequena com rosas amarelas. Colha algumas folhas, ferva chá e dê ao seu marido. Não lhe restará mais do que cinco minutos de vida.
A mulher foi-se. Seguiu rumo à cachoeira. Estava decidida a encontrar um meio de acabar com a vida do homem que tanto amava. Ao chegar próximo à cascata, a mulher viu uma criança de 10 anos, sentada próxima a algumas flores, admirando o bailado de um
beija flor. A criança estava tão fascinada com o pássaro que não notou que a moça a observava, admirada. Assim ficaram até que o beija flor foi-se embora. Então a moça aproximou-se:
- Vejo que você gostou muito do beija-flor!
- Sim! Estou apaixonada por sua beleza. Pena que ele foi embora.
- Por que você não o pegou e o levou consigo? Estava tão próximo de ti!
- Não dona! Não posso tirar a liberdade de uma criatura que nasceu para ser livre, apenas para satisfazer os meus desejos. Fui feliz enquanto ele bailou para mim e serei feliz sempre que puder lembrar da beleza de suas cores e da graça de seu vôo. Colocá-lo numa prisão seria condená-lo à morte. Há muita coisa bonita nesse mundo, para que eu possa ver, sem a necessidade de sacrificar tão belo pássaro
A moça refletiu no que acabara de ouvir. Não colheu as folhas e seguiu para sua casa
Naquele instante, não muito longe dali, num casebre rústico, um velho de olhos fechados, sentindo o silêncio profundo de seu discípulo, disse:
O amor verdadeiro é composto de amizade e sinceridade. O falso amor é feito de amizade, sinceridade e egoísmo. Feliz é o homem que sabe reconhecer na fraqueza do próximo o limite para o seu egoísmo. E mais feliz será este homem se souber sentir no

egoísmo dos outros, a luz que ilumina a sua evolução.

Um comentário:

  1. Se eu não fosse tão preguiçoso iria procurar aprender mais sobre o Budismo. Os textos que vc divulga são muito interessantes e, com certeza, estão ajudando muita gente. Achei incrível sua última postagem no Oceano Virtual, mas resolvi comentar aqui prá fazer propaganda! Bjs!

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